sábado, 15 de outubro de 2011

Quem diria?

     Olá meu amor,
 
Como ta tudo ai? Ta gostando? Dizem que é bem melhor do que aqui e eu imagino que realmente seja. Espero que você esteja feliz! Hoje fazem 3 anos, acredita? 3 anos que você me deixou. 3 anos que não sou acordada com seus beijos, que não rio até passar mal das suas bobeiras, que não brigo com você por ter deixado a toalha em cima da cama. 3 anos sem você. Ah, como eu daria tudo para ter de volta cada segundo ao seu lado!

  Sinto tanta saudade da sua risada escandalosa e de como você tentava segura-la. Sinto falta de dormir segurando sua mão e acordar com seus cafés malucos. Sinto falta do cheiro de camomila do seu cabelo e de como ele brilhava ao sol. Sinto falta da sua falta de talento para dançar e das horas e horas que passei tentando te ensinar. Também sinto dos teus olhos, que sempre brilhavam quando me olhava. Do teu sorriso torto que me fazia sorrir também. Das suas mordidas na minha coxa, de ver o nascer do sol contigo, de te olhar dormindo, de ser sua todas as noites. Me desculpe se fui muito dura, se briguei com você por motivos banais, se não aproveitei mais cada segundo ao seu lado e, principalmente, me desculpe se eu não disse o quanto você era especial pra mim. Você é e sempre será tudo pra mim.

  Juro que se alguém me dissesse há 3 anos atrás que você não estaria hoje aqui comigo, eu iria rir muito. Porque eu tinha a certeza absoluta que estaria. Porque eu acreditei quando você disse que ia ser para sempre e sempre... Mas não foi. Depois daquela noite, você nunca mais voltou daquele maldito hospital para me ver, para me fazer sorrir, pra me abraçar forte. Você foi embora pra sempre levando a parte mais importante de mim.

  Mas você me visita todas as noites nos meus sonhos, anjo, e sei que é a sua forma de me proteger. Me espera! Eu tenho fé que um dia nós vamos nos encontrar de novo em algum lugar, de alguma forma. Só tenha a certeza que eu nunca vou te esquecer, que vou sempre te levar na minha memória e no meu coração. Sinto sua falta, meu querido! Continue me protegendo ai de cima.

      Um beijo de quem vai te amar pra sempre!

Baseado na música ''Who Knew" da Pink

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Decifra-me ou Devoro-te parte 1

  ”Merda!” - Sem sucesso, ela tentou gritar baixinho pela unha quebrada enquanto saia do quarto. O papel de parede todo estampado começou a lher dar agonia. Parecia que toda aquela informação a estavam sufucando: eram muitos quadros, vasos, esculturas e aquele maldito papel de parede. Quando viu a porta, que dava direto para as escadas do prédio, uma ansiedade tomou-lhe o corpo. Não era a primeira, nem a segunda vez que acordava na casa de um desconhecido sem se lembrar, ao menos, de como foi parar la. Antes de abrir a porta e acabar com toda tortura, ela se olhou no espelho. Ajeitou seu cabelo castanho escuro, que caia em perfeitas ondas sobre o peito, limpou o lápis borrado, que realçava ainda mais a cor azul claro dos seus olhos, e abriu a porta. Desceu o lance de escadas correndo, pegou o primeiro taxi e foi direto para casa.
   Enquanto a água ia delicadamente contornando seu corpo, lavando sua alma, ela tentou se lembrar da noite passada… Ela estava sozinha quando chegou lá. Sentou no bar figindo esperar alguém. Olhou o relógio dourado repetidamente. Pediu um “sex on the beach” para o garçom, rezando para que ele não perguntasse sua idade. Até fingiu cumprimentar alguém de longe mas, com seu tubinho preto que deixava à mostra cada curva do seu corpo, seus cabelos sedosos de propaganda de shampoo, seu rosto angelical e seus belos olhos mistériosos, ela não ficaria sozinha por muito tempo e sabia disso. Enquanto brincava com a laranja do seu copo, sentiu que alguém sentara ao seu lado. Ele era alto, tinha o maxilar quadrado, cabelos pretos e perfeitamente penteados, olhos cor de mel e pele cor de leite. Chegou perguntando as horas. Ela sorriu e fingiu não ter reparado no rolex que ele carregava no braço. Vendo ela sorrir ele perdeu todo o chão. Vendo ele sorrir ela sabia que a noite valeria a pena. Ela dissera que amava Beatles. Ele afirmava que Rolling Stone era muito melhor. Ela fechara a cara com tamanha ofensa e ele pedira desculpa pedindo o garçon mais um copo de whisky. Depois disso só vinha à lembrança ter acordado nua, com uma enorme dor de cabeça, sufocada com a decoração… Ela secou os cabelos, pegou a primeira calça jeans desgastada do armário, vestiu a camisa polo cinza que estava em cima da cama e calçou seu all star azul claro. Olhou pro relógio e viu que estava atrasada. Segurou firme o pingente em forma de coroa que levava no pescoço e desejou que esse dia passasse logo.
  Saiu correndo do carro e acabou esquecendo o celular lá dentro. Chegou ofegante no portão do colégio e por pouco não ficou pra fora. “Pelo menos não cheguei atrasada.” Pensou ela com a falsa esperança de que o dia poderia não ser tão ruim assim. Ela sabia que as pessoas, depois daquelas histórias, iriam olha-la de um jeito estranho, incriminador. Ela só não esperava que fosse tão terrível assim. Cada passo que ela dava era motivo para alguém cochichar, fazer cara de espanto, fuzila-la com o olhar. “Pelo visto meu dia vai ser ótimo!” disse ela revirando os olhos. Quando estava perto da porta da sala ela a viu. Fernanda estava encostada na parede, conversando com suas seguidoras fiéis. As duas eram, até pouco tempo atrás, grandes amigas. Elas contavam tudo uma para outra. Até que um dia Fernanda, que não aguentava mais viver à sombra da amiga que tinha tudo: dinheiro, roupas caras, os caras mais gatos, o cabelo perfeito, o corpo perfeito, a vida perfeita… resolveu contar para todo o colégio todos os podres da melhor amiga. Desde os porres às noitadas na casa de estranhos. “Isso não vai mudar a sua vida.” Disse ela à Fernanda no dia da briga. E ela tinha razão. Fernanda ia continuar baixinha, com o cabelo crespo e com o nariz de batata. “Pelo menos vai mudar a sua e, quer saber? Isso já me deixa muito feliz.”. Depois desse dia ela saiu do colégio por vergonha de encarar todo mundo e só hoje tomara coragem e voltava. Agora lá estava ela, frente a frente com Fernanda. “O dia não tem como ficar pior!” E, virando bruscamente esbarrou em alguém, derrubando todas as folhas no chão. “Desculpa, desculpa! Eu sou muito desastrada! Desculpa!” Ela não sabia se catava as folhas no chão ou se desculpava. “Relaxa!” De repente, o corpo dela gelou completamente, o coração disparou e ela não conseguiu se mover. Ela reconhecera aquela voz. Voz que a atordoava de uma forma única. De uma forma que nenhuma outra iria jamais atordoar..

Porque eu sou assim?

  Uma análise da minha trágica história para explicar meus problemas psicológicos.

Sabe aquela história clichê da menina feia e inteligente que ninguém sabe o nome e que não tem muitos amigos? Pois é, percebe-se que a minha vida é uma novela mexicana só por esse começo. Bom, para completar, meu apelido era Assolan (sim, assolan é aquela lã de aço utilizada para lavar panelas) por causa do meu cabelo rebelde. Se isso me incomodava? Com 10 anos você é tão inocente que não se importa muito com isso. Só se tornou um problema real quando mudei de colégio e não consegui fazer muitas amizades, sendo que as poucas que eu fiz foram com as meninas mais excluídas de lá. Mas tudo bem, sempre tive a esperança que minha vida ia mudar. E mudou (pra pior, é claro!). Arranjei uma amiga diferente daquelas, uma que, digamos, era mais popular. Qual a parte ruim? Ela era muito bonita. E porque isso é um problema? Quando você tem 13 anos, está no auge da sua pré-adolescencia e beijar o menino que você gosta é o que mais te importa, não é legal ter uma amiga que te rouba todos os pretendentes e te faz ser sempre a segunda opção. Segunda opção: anotem aí! Esse termo será muito repetido nessa comédia. Pode parecer bobagem mas saber que os meninos, até mesmo os que ficam com você, preferem muito mais a sua melhor amiga é horrível! Você se sente feia, esquisita, sempre fora dos padrões, como se nunca fosse boa o suficiente. Triste, né? Mas aguentei por mais ou menos uns dois anos isso (calada, é claro! sempre com medo da incompreensão alheia). Aos poucos fui fazendo outras amizades, fui conhecendo mais pessoas, fui finalmente sendo reconhecida por alguns. Se você acha que é agora que minha vida vai mudar de vez, você acertou. Momento clímax da história: Sabe aquele menino gato, que todas as meninas são loucas para ficar, mais velho, alto e super divertido? Pois é, virou meu namorado. "Como assim?" você deve estar se perguntando. Juro que também não sei como minha vida deu essa reviravolta e muito menos o que ele viu em mim. Só sei que pela primeira vez na vida eu me senti feliz sendo do jeito que eu era. Não me preocupava mais em agradar as pessoas, em fazer parte dos padrões. Eu era eu mesma e ele me amava por isso. Eu tinha 14 pra 15 anos e já conhecia a felicidade! Tinha como melhorar? Claro que não, por isso mesmo começou a dar tudo errado. Ele terminou comigo justificando com motivos bobos e dois meses depois começou a namorar de novo. Acho que já dá para imaginar como minha auto estima e minha confiança ficaram, né? Retrocedi completamente. Aquela menina que se achava bonita, legal e amável foi substituida por aquela que sempre foi a segunda opção das pessoas. Não caro leitor, não chore. Eu sei que é difícil mas acredite, já chorei por mim, por você e por todas as pessoas desse mundo. E depois? Bom, demorei muito mas tive que seguir minha vida. Momento clímax da história parte 2: Entrei para o teatro. Querido leitor, se nunca foi ao teatro vá imediatamente, você não sabe a maravilha que está perdendo! Digamos que essa foi uma das melhores épocas da minha vida. Cresci como atriz e como pessoa. Aprendi a me sentir mais confiante, a admirar a beleza das coisas, a prestar mais atenção nas pessoas. Aprendi até a me apaixonar de novo. Pena que dessa vez por uma confusão sem tamanho. Foram dois anos de uma paixão meio maluca onde parecia ter vilã, mocinho, mocinha, psicopata, o enganado e o controlador. Quase uma novela mexicana, e daquelas bem ruins (não que alguma seja boa, mas acho que você entendeu). No final das contas não passou de um amor platônico que destruiu outra vez minha auto estima e que, meio sem querer, destruiu meu sonho de ser atriz (pausa importante: eu também era a segunda opção dessa história doida). É, você deve estar se fazendo a mesma pergunta que me vem à cabeça todos os dias "Que que essa menina fez pra merecer isso?". Calma que ainda não acabou. Sai do teatro e perdi um pedaço meu e da minha confiança. Momento clímax parte3: Fiz novas amizades e comecei a me enturmar novamente. Aprendi a beber, a sair, a ter mais responsabilidades. Aproveitei meu terceiro ano como nunca tinha aproveitado nenhum ano naquele colégio. Fui finalmente aceita por aqueles que tanto me ignoraram a vida inteira. Até comecei a ficar sério com o menino e tudo mais. Se eu tive confusões malucas e fui aguma vez a segunda opção durante esse tempo? Claro que sim! Mas posso adiantar que hoje eu estou prestes a fazer psicologia, que a minha história com esse menino se tornou um namoro sólido e que encontrei a felicidade verdadeira novamente. Se eu me curei desses meus traumas de auto estima? Melhorou muito mas ainda tenho a síndrome do patinho feio e desajustado em relação a sociedade. Se voltarei ao teatro? É um dos meus sonhos, mas não sei. Se eu finalmente encontrei o caminho contrário ao caos? Claro que não, né? Que pergunta mais idiota pra quem conhece a minha vida. Mas posso dizer que mesmo cheia de bobeiras, medos infantis e problemas psicológicos, eu não mudaria absolutamente nada na minha história.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Reticências

Engraçado lembrar do dia em que te conheci. Quando você veio como quem não quer nada e sentou ao meu lado, dizendo uma piada sem graça do tipo "ta cheio aqui né?" enquanto só havia lugares vazios naquela praça, eu te achei um babaca. É, você leu certo: ba-ba-ca! Pra mim era mais um carinha idiota que tinha a falsa ilusão de que eu cairia nas suas cantadas baratas. Estava de saco cheio de acreditar em papos moles, criar ilusões, me imaginar casada e com filhos, para uma semana depois ser abandonada aos prantos no chão do banheiro. Tinha colocado um ponto final no amor.
Dei um sorriso por educação e voltei a ler meu livro, torcendo para que você percebesse a minha falta de paciência. Mas claro que, como todo cara inconveniente que aparece na minha vida, você não percebeu. Perguntou sobre o livro que eu estava lendo, eu respondi seca que era "Caio Fernando Abreu" e, para o meu azar (ou sorte) você conhecia. Tá, foi ai que eu comecei a reparar mais em você, afinal, que homem lê Caio Fernando Abreu? Você disse que seu conto preferido era "O Ovo Apunhalado" (que deu o nome ao livro que eu lia). Eu dei uma risada e você perguntou se tinha algo errado. "Estava lendo esse conto quando você chegou." eu respondi. E você só sorriu como quem diz "Isso é coisa do destino!". A partir daí comecei a reparar bem em você, nos seus olhos cor de mel que com o sol ficavam um pouco verdes, na pinta na ponta do seu nariz.. Quando me disse que era fascinado com a voz da Elis e que quando escutava "Águas de Março" com o Tom sentia algo inexplicavel, juro, me apaixonei por você.
Pode parecer bobagem mas te esperei a minha vida inteira, quis dizer. Mas acabei guardando pra mim. Por dentro torci para que você tivesse me achando engraçada, inteligente, até mesmo bonita (apesar do meu cabelo preso num coque e minha cara sem maquiagem). Rezei para que você pedisse meu telefone e ligasse, como poucos fazem. Quis com toda a minha alma que desse certo, porque algo dentro de mim me dizia que eu tinha finalmente encontrado o que eu procurava.

Como acabou essa história? Você sabe! Aproveitei que foi tomar banho para ler um pouco e acabei achando o livro do Caio. Não pude deixar de rir ao lembrar daquele primeiro dia. Do momento em que você tranformou meu ponto final no amor em reticências.